sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O EVANGELHO: BOAS NOTÍCIAS DE DEUS PARA VOCÊ! SERÁ?


            Talvez você esteja um pouco perplexo com o título acima; principalmente se você é evangélico, afinal de contas nos parece que o Evangelho sendo algo tão bom não poderia ser má notícia para ninguém, a verdade é que infelizmente o Evangelho tem feito mal a muita gente; gente esta que vê no Evangelho a grande pedra de tropeço que atrapalha suas escusas pretensões; isto não vem de hoje: desde que “alguém” decidiu que não bastava viver somente do brilho da Graça de Deus e resolveu ser ele “o espetáculo” o Evangelho virou a pedra no sapato de muita gente.
            Vejam esta cena: uma noite na Palestina, um anjo-repórter escolhe uma platéia de simples pastores em Belém para dar um furo de reportagem: Trago boas novas de grande alegria, hoje nasceu na cidade de Davi, o Salvador que é Cristo, o Senhor! Ao mesmo tempo em terras distantes, astrólogos do Oriente recebem a mesma mensagem através de uma estrela (Deus usou o que eles entendiam; os pastores criam em anjos, Deus usou os anjos; os magos criam nos astros, Deus usou uma estrela para lhes anunciar o Evangelho, se você não aceita isso, paciência!).
            Até aqui, só alegria, os pastores, os magos, tudo ia muito bem, até que o GPS de Deus (a estrela) passou nas imediações do palácio de Herodes; a lógica humana dos magos, conclui que o rei recém-nascido era filho de Herodes; por um instante, os magos deixam de seguir a estrela e passam adotar o referencial humano: o palácio.
            A primeira lição que os magos tiveram que aprender foi que o Evangelho não cabe dentro dos palácios; o Evangelho não se limita a quatro paredes; o Evangelho não está amarrado na redoma denominacional dos palácios religiosos e políticos desta vida; o Evangelho não cabe dentro de uma mente viciada que acha que Deus tem que agir e ser da forma que ele quer que Deus seja; o Evangelho não é receita de bolo; qualquer dia desses você pode receber um convite de Deus para engolir coisas que jamais você aceitaria comer; o Cristo deste Evangelho ainda usa saliva como colírio para abrir os olhos dos cegos; o Deus deste Evangelho ainda purifica animais que a Lei de Moisés chama de imundo; não existe palácio deste mundo que comporte este Evangelho.
            A segunda grande lição que os magos aprenderam é que o Evangelho não se assenta em tronos que já estão ocupados, o trono daquele palácio em Jerusalém já tinha um dono, as casas de Belém estavam lotadas demais; sobrou apenas a manjedoura e já que não há espaço para Deus na racionalidade humana, é no estábulo em meio ao animais irracionais que a luz do evangelho resplandesce. O Diabo arromba a porta, ele é ladrão e salteador, já o Evangelho pede licença; o Cristo do Evangelho bate na porta do coração do pastor; quer ocupar a igreja sem se sentir um intruso, ele se senta à mesa, mas só se for convidado, mesmo tendo todo o direito de ser o dono da festa.
            A terceira e última lição que os magos aprenderam é que o Espírito do Evangelho nunca fará aliança com o espírito de Herodes. A notícia do nascimento de um novo rei poderia despertar em Herodes o sentimento de uma possível paternidade, afinal de contas qualquer pai teria o orgulho de fazer seu filho o sucessor do trono, mas ao invés disso a primeira coisa que veio na mente do tirano foi: Estou ameaçado! Meu poder corre perigo! Este é o resumo simples do que é “o espírito de Herodes”. O espírito de Herodes é o espírito daqueles que pensam desesperadamente em subir e se manterem eternamente no poder, se pudessem colocariam o seu trono acima do trono de Deus, mas como não podem, tratam de defender as suas cadeiras com unhas e dentes. A loucura é tão grande, que um inocente recém-nascido torna-se uma ameaça, e como medida preventiva, no pretexto de garantir a paz social e a estabilidade do seu governo criam guerras injustificáveis, tornando-se assassinos em massa só para satisfazerem os seus malignos interesses pessoais.
            No Evangelho, aquele que é em forma de Deus, sem nenhuma paixão pela divindade assume a forma humana; se torna servo obediente morrendo não como rei e sim como um transgressor pregado em uma cruz. No Evangelho o Rei se despe das vestes reais abandona o trono e desce, vai para o meio do povo, sentir cheiro de gente. No Evangelho as ultimas cadeiras são sempre as primeiras e as mais valorizadas. No Evangelho o Rei anda de jumento; não se serve dos servos, pelo contrário lava os pés deles. No Evangelho não existe barganha nem conchavo pelo poder, sobra apenas um cálice de sofrimento que só ele, o Rei está a disposto a tomar.
            Dá para entender agora porque o Evangelho é uma má notícia para muita gente? Dá para entender porque a mesma boa semente do Evangelho caiu quatro vezes sobre o solo e em apenas um terreno ela germinou e deu fruto? O Evangelho na verdade é uma boa notícia de Deus para os homens, mas nem todos estão prontos para recebê-la. O Evangelho sempre será uma boa notícia para um cego à beira estrada que grita por socorro, para uma mulher hemorrágica vivendo numa sociedade preconceituosa, para um pecador que bate no peito pedindo misericórdia, para uma prostituta que está prestes a ser apedrejada por seus acusadores; em contra partida, o Evangelho é uma péssima notícia para quem tenta desestimular o Bartimeu, o Evangelho é o empurrão que se transforma no toque preciso na orla do vestido de Jesus, o Evangelho é o sonoplasta que corta o som da oração farisaica teimosa em querer justificar a sua fé pelas obras, o Evangelho é areia na consciência daqueles que com pedras na mão insistem em querer condenar alguém que Jesus já perdoou.
  O Evangelho é a boa notícia de Deus para nós! Será?